sábado, 30 de julho de 2011

Diálogos

Diálogo (III)

"...minha passagem para o breve, breve instante da loucura- nunca ninguem o defefeniu tão claramente"
"De que falas?"
"Do ser-se amante."
"Queres tu dizer que um amante é um instante?"
"Não.É uma passagem.Nós amamos não por gostar de outra pessoa mas sim por gostarmos de gostar dela."
"O amante não é um fim, é um meio."
"Exacto.É o um veículo, como qualquer outro para a busca da satizfação pessoal."
"E o sofrer de amor?"
"Sofrer pode ser, e muitas vezes é, um modo preverso de se ser feliz"
"É para ti o paradigma da racionalidade individual all over again..."

Diálogo (IV)

"Tenho para mim que existe uma incontornável superrioridade na cultura popular."
"Como o podes dizer?Pois se tens na cultura erudita a comunhão com Deus."
"A busca da perfeição traz à cultura erudita momentos de genialidade que nos aproximam da dimensão do sagrado.Contudo o sagrado é uma construção humana"
"...E como tal artificial, e por isso tudo o que tende a se lhe aproximar tambem o é e, consequentemente é menor?"
"Não, não é por aí.A cultura popular aproxima as pessoas umas das outras...move-se no campo dos afectos e sentimentos humanos.Faz o Homem ficar mais perto de sí e essa sim é uma verdadeira aproximação ao divino, pois Deus não é se não uma projecção do homem, dos seus anseios e das suas esperanças."

Micro-ensaios publicados no 40º à Sombra em 3 e 6 de Março de 2004

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Imaginário infantil

"TOIOTOIO SOIOTOIO

(Pico Pico Manjerico)
Eu gosto muito do imaginário infantil porque o imaginário infantil tem imaginação e a imaginação é uma coisa muito bonita.A imaginação faz a gente sonhar sonhos bonitos e eu gosto muito de sonhar e de brincar ao faz de conta que tambem é muito bonito.Eu gosto de fazer de conta que sou um Super Heroi como o Batemen e o Homem arranha e o Super Homem mas aquele que eu gosto mais é o Axion mene porque ele é muito forte e tem uma namorada muito bonita e eu quando for grande quero ter uma namorada como ela.Não quero é ter uma namorada como a Sara porque ela está sempre a gozar comigo e eu não gosto e fico triste e depois andamos à porrada.Eu não gosto de andar à porrada por que isso doí e a gente de pois chora e chorar não é bonito e por isso eu não gosto de chorar.Eu tambem gosto muito de jogar ao pião e ao arraiol porque jogo bem e ganho muito e fico muito feliz,tirando quando joga o Marco porque ele e muito batoteiro e eu não gosto de batotices e depois fico triste e andamos à porrada e eu já disse que não gosto de andar à porrada.E agora vou acabar a redacção porque já me doi às mãos e o meu pai diz para eu não cansar muito as mão porque quando for mais crescido perciso de ter mãos fortes e além disso vai começar a dar os desenho animados e eu vou ver porque gosto muito de desenhos animados e por isso vou ver agora o dartacão.
Fim
Mr.T (zinho)"

Publicado no Bicho de 7 Cabeças em 16-01-2004

terça-feira, 21 de junho de 2011

Parvamia

"THIS IS MY TRUTH, TELL ME YOURS

( Manic street preachers)

A poligamia é o mito de Prometeu revisitado e entregue a visões alucinogénicas de anéis de ouro e vinho de maçãs. É tão bizarra e inócua como um polígono irregular de duas faces e mais uma aresta anestesiante de palpitações arrítmicas num dia de Junho. Mais digo, a poligamia é um polinomio do terceiro grau, descendente em linha directa de uma hesseana orelada mal parida do no ano da graça do grande irmão de 1984.
Uma aberração estatística. Uma descontrução pós-escatológica do fogo-fátuo com rivalidade nenhuma nas análise proto-arcáico-sinteticas da afamada dor de colhões: Improvável, Impossível, Impassível. E contudo segue a sua marcha nupcial, triunfal, intemporal.
Um dia conheci uma Maria que
Tinha dois maridos. De cada um
Deles tinha dois filhos
Que lhe deram cada um dois netos. E
Um dia a Maria
Morreu
A monogamia, parente por becos e vielas da poligamia, é a monografia da mamografia monossilábica em tons monocromáticos de uma cacofonia monocórdica em dó maior. Não vale nada, não é nada, não existe nem pode existir. É tão falsa quantos os decassílabos de Descartes. Sol-e-dó. Antes fazer como Onã, sair em busca do prazer espiritual e de outras soturnas vivências capiloformes
Confunde-se com o marasmo geral de um monómio transbordante de monotonia. Não existe, nada existe, nada pode existir. Fica só o amor, fica só a dor. Fica só o deserto.
Tenho dito!
Mr.T

Inédito, escrito em três minutos, sem pré nem pós reflexão, durante uma travessia do Tejo em final de tarde de cerrada neblina."

Publicado no Bicho de 7 Cabeças em 19-12-2003

domingo, 19 de junho de 2011

Diálogos cristalizados

Diálogo (III)

"...minha passagem para o breve, breve instante da loucura- nunca ninguem o defefeniu tão claramente"
"De que falas?"
"Do ser-se amante."
"Queres tu dizer que um amante é um instante?"
"Não.É uma passagem.Nós amamos não por gostar de outra pessoa mas sim por gostarmos de gostar dela."
"O amante não é um fim, é um meio."
"Exacto.É o um veículo, como qualquer outro para a busca da satizfação pessoal."
"E o sofrer de amor?"
"Sofrer pode ser, e muitas vezes é, um modo preverso de se ser feliz"
"É para ti o paradigma da racionalidade individual all over again..."

Publicado no 40º à Sombra em 3/3/2004

terça-feira, 14 de junho de 2011

Há 7 anos era assim ( em cooperação com uma leitora)...

"

Instântaneo

...e os nossos olhares cruzaram-se no silêncio cumplice frente aos copos de plástico onde jaziam frias as borras do café. 
 
..seguidamente nossas mãos tocaram-se e um arrepio, não de frio, mas de excitação subiu pelo meu corpo até ao coração; um dos copos de plástico, o atrevido, tombou e foi parar ao chão! mas teu olhar era quente e eu tremia de emoção, simplesmente, por poder olhar-te de frente... 

...e então o instante converteu-se em eternidade enquanto eu ficava, preso ao teu olhar, a ver as meninas dos teus olhos bailarem. A solidão ficou, como o copo de plástico, tombada no chão.Já não contava.Sabia agora que te tinha a ti."
 
Publicado entre 15 e 18 /1/2004 no 40º à sombra

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Momento português suave

Há 8 anos era assim...

Num café

ou um pequeno execício de literatura light

"Manuel comtemplava Maria, sentada ao seu lado, vendo nela uma auréola de santidade.Sussurrou-lhe ternamente ao ouvido juras de amor eterno entre uma e outra carícia,julgando ter no sorriso que Maria lhe devolvia a correspondência dos seus sentimento; pobre Manuel, que ingénuo és, pensava Maria, enquanto à distância cumprimentava Paulo, sentado na mesa em frente.Esta Maria saiu-me cá uma cabra, comentou Paulo com Fernado,amigo com o qual partilhava o café, após retibuir o cumprimento a Maria; podia ao menos ter um pouco de respeitopelo cabrão do noivo.Fernando aquiesceu, baixando os olhos num movimento que se diria de comiseração não fosse ele ter fixado momentaneamente o olhar na virilha de Paulo, sussurrando para si, aí se eu pudesse..."

Publicado em 3/11/2003 no 40º à Sombra

domingo, 12 de junho de 2011

Discussão

Há 8 anos era assim. E como mais pertinente se tornou, tendo em conta os tempos conturbados nos quais vivemos.

"Hoje numa conversa com um professor sobre o problema das propinas surgiu-me um argumento para rebater o da necessidade do aumento das ditas para que os com maior capacidade de pagar paguem mais.Ora bem, esse nivel de equidade é melhor atingido pelo financiamento integral das universidades através do orçamento do Estado.Tal é assim, pois uma das funções dos impostos é a de redistribuição do rendimento, isto é, o sistema fiscal está organizado de modo a que quem maiores rendimentos tem pague mais impostos em termos proporcionais.Isto levanta, está bom de ver, o verdadeiro problema central de toda esta questão: A falta de coragem política dos sucessivos governos em conbater, de um modo sério o drama nacional que é a evasão fiscal. Se este "cancro social" fosse curado os problemas de financiamento do ensino superior estariam em boa parte resolvidos , tendo essa solução uma base de equidade e justiça social. Este mesmo argumento pode ser tambem usado para rebater o que defende que os alunos são os grandes beneficiados com o ensino superior e, por isso deviam ser responsáveis por uma fatia maior do seu financiamento.Mais uma vez se pode contrapor que os alunos ao beneficiarem da educação que recebem, na forma de bons empregos, dos quais irão auferir maiores rendimentos que o restante dos cidadãos, vão tambem por sua vez pagar mais impostos, o que seria uma forma de pagamento pelo serviço que receberam. 
P.S.: Peço desculpa se o texto não estiver lá muito inteligível mas a fazer a digestão de um almoço da cantina é o melhor que se pode arranjar"
Escrito em 16/10/2003 no 40º à Sombra

Comentário actualizado: Estranho é não ver no memorando da tríade nenhum ponto sobre a fraude fiscal e a economia subterrânea...