terça-feira, 21 de junho de 2011

Parvamia

"THIS IS MY TRUTH, TELL ME YOURS

( Manic street preachers)

A poligamia é o mito de Prometeu revisitado e entregue a visões alucinogénicas de anéis de ouro e vinho de maçãs. É tão bizarra e inócua como um polígono irregular de duas faces e mais uma aresta anestesiante de palpitações arrítmicas num dia de Junho. Mais digo, a poligamia é um polinomio do terceiro grau, descendente em linha directa de uma hesseana orelada mal parida do no ano da graça do grande irmão de 1984.
Uma aberração estatística. Uma descontrução pós-escatológica do fogo-fátuo com rivalidade nenhuma nas análise proto-arcáico-sinteticas da afamada dor de colhões: Improvável, Impossível, Impassível. E contudo segue a sua marcha nupcial, triunfal, intemporal.
Um dia conheci uma Maria que
Tinha dois maridos. De cada um
Deles tinha dois filhos
Que lhe deram cada um dois netos. E
Um dia a Maria
Morreu
A monogamia, parente por becos e vielas da poligamia, é a monografia da mamografia monossilábica em tons monocromáticos de uma cacofonia monocórdica em dó maior. Não vale nada, não é nada, não existe nem pode existir. É tão falsa quantos os decassílabos de Descartes. Sol-e-dó. Antes fazer como Onã, sair em busca do prazer espiritual e de outras soturnas vivências capiloformes
Confunde-se com o marasmo geral de um monómio transbordante de monotonia. Não existe, nada existe, nada pode existir. Fica só o amor, fica só a dor. Fica só o deserto.
Tenho dito!
Mr.T

Inédito, escrito em três minutos, sem pré nem pós reflexão, durante uma travessia do Tejo em final de tarde de cerrada neblina."

Publicado no Bicho de 7 Cabeças em 19-12-2003

Sem comentários:

Enviar um comentário