sábado, 30 de julho de 2011

Diálogos

Diálogo (III)

"...minha passagem para o breve, breve instante da loucura- nunca ninguem o defefeniu tão claramente"
"De que falas?"
"Do ser-se amante."
"Queres tu dizer que um amante é um instante?"
"Não.É uma passagem.Nós amamos não por gostar de outra pessoa mas sim por gostarmos de gostar dela."
"O amante não é um fim, é um meio."
"Exacto.É o um veículo, como qualquer outro para a busca da satizfação pessoal."
"E o sofrer de amor?"
"Sofrer pode ser, e muitas vezes é, um modo preverso de se ser feliz"
"É para ti o paradigma da racionalidade individual all over again..."

Diálogo (IV)

"Tenho para mim que existe uma incontornável superrioridade na cultura popular."
"Como o podes dizer?Pois se tens na cultura erudita a comunhão com Deus."
"A busca da perfeição traz à cultura erudita momentos de genialidade que nos aproximam da dimensão do sagrado.Contudo o sagrado é uma construção humana"
"...E como tal artificial, e por isso tudo o que tende a se lhe aproximar tambem o é e, consequentemente é menor?"
"Não, não é por aí.A cultura popular aproxima as pessoas umas das outras...move-se no campo dos afectos e sentimentos humanos.Faz o Homem ficar mais perto de sí e essa sim é uma verdadeira aproximação ao divino, pois Deus não é se não uma projecção do homem, dos seus anseios e das suas esperanças."

Micro-ensaios publicados no 40º à Sombra em 3 e 6 de Março de 2004

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